domingo, 9 de setembro de 2012

Vento



Demorei um tempo para começar a escrever este texto.
Demorei, porque estava esperando essa ferida cicatrizar-se.
Se ela está cicatrizada? Não.
Encontra-se estancada no momento. Acho que vai permanecer assim por um tempo.

Estranho.
Estranho descobrir que eu não passava de uma pessoa querida, quando você era a pessoa mais importante do mundo pra mim.
 Perceber que não terei mais dúvidas em relação à nós, nem aquela angústia quando algo não saía como planejado, tampouco aquela alegria que me fazia levitar de amores quando a palavra foi dita, o toque recebido e o sorriso me foi dado.

Triste.
Ver que seu sorriso não me pertence mais, que seu toque não chegará mais à mim, que sua voz está deixando os meus ouvidos e sua feição e teus trejeitos estão se apagando da minha memória.
Perceber que não existe mais "F. Você. F. Eu." como aquele Homem sem Brasão nos disse uma vez, lembra?
Pois é.
Triste te deixar ir embora, sabe?
Pois é.

Estou aqui agora. Eu, um copo vazio e esse vento levando o último sinal da fumaça do meu cigarro embora.

Vento.
Vento que me escutou quando precisei falar, dançou comigo quando quis e me abraçou quando eu precisei.

Este vento está te levando, percebeu?

Agora me resta esperar.
Esperar que este vento que está te levando embora de mim, seja o mesmo que secará os meus olhos.
E pedir à ele, bem baixinho, quase que inconscientemente, que ele te traga de volta um dia.

Vai embora, vai...

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Quem sabe não estarei nessa mesma janela quando vocês decidirem voltar?